O cultivo
de hortaliças se diferencia de outras formas de cultivo de espécies alimentares
por duas razões principais - a grande importância dada ao aspecto visual da
produção e as grandes produtividades físicas alcançadas. Enquanto uma gramínea
de alta produtividade como o milho tem atingido produtividades de 15 toneladas
por hectare, não é incomum que espécies olerícolas como o tomate, por exemplo,
atinja produtividades de mais de 150 toneladas por hectare. Aquelas duas
especificidades fazem com que o cultivo de hortaliças em pequenas áreas,
principalmente sob ambiente protegido, seja não apenas desejável, mas
economicamente viável.
Embora a
maior parte do cultivo de hortaliças sob ambiente protegido ainda seja feita em
solo, é notável o crescimento da adoção de práticas de cultivo sem solo no
Brasil e no mundo. As razões para esse crescimento são várias, mas sobressaem
os problemas causados pelo manejo inadequado do solo. Adubações excessivas e
irrigação inadequada têm levado à salinização de solos sob estruturas de
cultivo protegido, assim como a ausência de boas práticas culturais como
rotação e sucessão de cultivos, adubação orgânica e manejo integrado de pragas
e doenças tem levado ao acúmulo de doenças e pragas de solo, virtualmente
inviabilizando os empreendimentos.
Uma vez
que há inegáveis vantagens na agricultura protegida, tais como altas
produtividades, precocidade dos cultivos, proteção física contra intempéries e
organismos indesejáveis e maior qualidade do que é colhido, há
compreensivelmente um anseio por parte dos agricultores em continuar
desfrutando destas vantagens e, ao mesmo tempo, em evitar as desvantagens. A
escolha pelo cultivo sem solo surge como uma excelente alternativa, vindo mesmo
a agregar ainda mais vantagens do que o cultivo em solo.
O
cultivo sem solo, como os cultivos hidropônicos e em substrato, oferecem a
possibilidade de grande economia em água e nutrientes, maior eficiência no uso
de insumos, facilidade na correção de problemas de ordem química, eliminação da
possibilidade de qualquer tipo de contaminação via solo, seja de natureza
biótica ou abiótica. A utilização de plásticos e telas nas estufas e outras
estruturas de cultivo, associada ao manejo correto de entrada no ambiente
protegido, previne a entrada de organismos indesejáveis, diminuindo
consideravelmente a utilização de defensivos agrícolas. O uso de filtros no
sistema de provisão de água bem como a utilização de água de boa qualidade nas
soluções nutritivas em geral previnem ou dificultam a contaminação por microrganismos
e a absorção de elementos químicos indesejáveis.
Em
regiões semi-áridas ou em que haja escassez de água com qualidade para
irrigação, a eficiência dos sistemas hidropônicos pode ser associada à coleta
de água de chuva e armazenamento para utilização ao longo dos ciclos de
cultivo. Em sistemas fechados, com reaproveitamento da solução nutritiva, a
independência das estruturas pode ser suficiente para a condução de vários
ciclos de cultivo sem a necessidade de renovação do suprimento hídrico. Frente
a tudo isso, fica claro que os sistemas de cultivo protegido sem solo são uma
alternativa viável e potencialmente rentável para regiões com limitações
climáticas ou de recursos naturais, como água e solo.
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